Noite
É o silêncio da noite
As palavreas ditas e ouvidas dormem num imenso cesto de vime.
Como roupas usadas na espera de sua lavagem.
Para lavar palavras basta lhes conferir novos usos.
Se renovam no uso mesmo.
E assim se faz o verso.
O artigo de jornal.
O conceito filosófico.
A descarga emocional.
É o silêncio da noite.
A cidade fala seus sons motorizados.
Velocidades imprudentes
Nhambiquaras, Maracatins, Carvalho de Mendonça
E penetrações insurgentes.
Na noite tudo vale
a pena
a correr no papel.
Resgatando palavras para resignificá-las.
Atribuindo sensos nada consensuais.
Irados, iracundos, revoltosos.
No silêncio da noite a ira é mais feroz
A palavra sempre ecoa a altos brados.
Palavras e palavróes em meio a carícias
E tudo metrificado no motel pago a hora.
Por dentro e por fora do casamento.
Mas que importa?
Vale a respiração ofegante.
Valem os corpos soltos de tanto prazer.
Enfim.
É o silêncio da noite.
Paulo Cesar Fernandes
28/12/2014
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