Edu Lobo
Camaleão
1978
Label: Philips (6349 350
Format: Vinyl, LP, Album
Country: Brazil
Released: 1978
Genre: Latin
Style: Bossanova, MPB
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*** Credits
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Arranged By: Edu Lobo
Coordinator (Coord Produção: Roberto Santana
Coordinator (Coord Musical: Edu Lobo
Directed: Sergio De Carvalho
Engineer: Ary Carvalhaes, Luiz Claudio Coutinho, Paulo Sergio "Chocolate"
Producer: Sergio De Carvalho
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*** Tracks:
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01 Lero Lero (03.26
02 O trenzinho caipira (02.56
03 Coração noturno (04.33
04 Canudos (04.05
05 Camaleão (03.18 Instrumental
06 Sanha na mandinga (04.08
07 Branca Dias (03.38
08 Bate boca (01.33 Instrumental
09 Descompassado (04.23
10 Memórias de Marta Saré (04.51
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*** Letras
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01 Lero Lero
Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Porque no amor quem perde quase sempre ganha
Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder
Não guardo mágoa, não blasfemo, não pondero
Não tolerolero lero lero devo nada pra ninguém
Sou descasado, minha vida eu levo a muque
Do batente pro batuque faço como me convém
Eu sou poeta e não nego a minha raça
Faço versos por pirraça e também por precisão
De pé quebrado, verso branco, rima rica
Negaceio, dou a dica, tenho a minha solução
Sou brasileiro, tatu-peba taturana
Bom de bola, ruim de grana, tabuada sei de cor
Quatro vez sete vinte e oito nove fora
Ou a onça me devora ou no fim vou rir melhor
Não entro em rifa, não adoço, não tempero
Não remarco, marco zero, se falei não volto atrás
Por onde passo deixo rastro, deixo fama
Desarrumo toda a trama, desacato Satanás
Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Diz um ditado natural da minha terra
Bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá
Desacredito no azar da minha sina
Tico-tico de rapina ninguém leva o meu fubá
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02 O trenzinho caipira
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra...
Vai pela serra...
Vai pelo mar...
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar...
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03 Coração noturno
Meu coração bate lento
Como se fôsse um pandeiro
Marcando meu sentimento
Retendo meu desespêro
Como notícia do vento
Passando no meu cabelo
Meu coração bate lento
Meu coração bate claro
Como se fosse um martelo
Num rumo sem paralelo
Selando meu desamparo
Numa corrente sem elo
Numa aflição sem reparo
Meu coração bate claro
Meu coração bate quieto
Como se fosse um regato
Vagando pelo deserto
Sangrando no meu retrato
Abrindo meu desacato
Num ferimento coberto
Meu coração bate tão quieto
*
*** orquestração
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Meu coração bate negro
Como cantiga sem mote
Como a serpente num bote
Rompendo no meu sossêgo
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
*
04 Canudos
Iambupe, Bom Conselho
Jacobina, Xorroxó
Monte Santo, Mundo Novo
Lagoinha, Quixadá
Entre Rios, Belos Montes
Quem é esse que vagueia?
Conselheiro que tonteia
E apeia sem chegar
Que horizonte mais errante
Que crendice mais descrente
Que descrença mais distante
Que distância mais presente
Que distância mais presente
Desgoverno governante
Quanta gente confiante
Em Antônio penitente
Quando o céu virasse a terra
Como um rio sem nascente
Quando a espada entrar na pedra
Quando o mar virar afluente
Que paixão insatisfeita
Que vingança mais demente
Virgem Santa decaída
Satanás onipotente
Baioneta, faca cega
Parabelo, bacamarte
Sofrimento que renega
Desavença que reparte
Entre Rios, Belos Montes
Que distância mais presente
Quanta gente confiante
Em Antônio penitente
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05 Camaleão
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*** Instrumental
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06 Sanha na mandinga (04.05
Na beira do São Francisco
Eu quero me deitar
Eu quero namorar
Não vou ao correio não
Não tenho a intenção de lhe telegrafar BIS
Certa vêz em Carianha
Escutei uma façanha
Que se deu em Paratinga
Muita manha, muita pinga
Unia terra muito estranha
Uma sanha na mandinga
Uma dor que não se acanha
Um horror que não se vinga BIS
Na beira do São Francisco
Eu quero me deitar
Eu quero namorar
Não vou ao correio não
Não tenho a intenção de lhe telegrafar BIS
Diz que em Bom Jesus da Lapa
Quando a noite cai de chapa
E a memória faz um dique
Queima o sol em Xique-Xique
Um dilúvio pelo mapa
Mansidão de piquenique
Quando a rôlha não destapa
E a coragem vai a pique BIS
Na beira do São Francisco
Eu quero me deitar
Eu quero namorar
Não vou ao correio não
Não tenho a intenção de lhe telegrafar BIS
Despenquei de Pirapora
Rolei mais de uma tora
Dobrei mais de uma esquina
Quase chego em Petrolina
Um passado de senhora
Num futuro de menina
Correnteza que apavora
Paradeiro que confina BIS
Na beira do São Francisco
Eu quero me deitar
Eu quero namorar
Não vou ao correio não
Não tenho a intenção de lhe telegrafar
De lhe telegrafar
De lhe telegrafar...
*
07 Branca Dias
Esse soluço que ouço, que ouço
Será o vento passando, passando
Pela garganta da noite, da noite
A sua lâmina fria, tão fria
Será o vento cortando, cortando
Com sua foice macia, macia
Será um poço profundo, profundo
Alvoroço, agonia
Será a fúria do vento querendo
Levar teu corpo de moça tão puro
Pelo caminho mais longo e escuro
Pela viagem mais fria e sombria
Esse seu corpo de moça tão branco
Que no clarão do luar se despia
Será o vento noturno clamando
Alvoroço, agonia
Será o espanto do vento querendo
Levar teu corpo de moça tão puro
Pelo caminho mais longo e escuro
Pela viagem mais fria e sombria
Esse soluço que ouço, que ouço
Esse soluço que ouço, que ouço
08 Bate boca
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*** Instrumental
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09 Descompassado (04.20
Maré bravia
Lá onde o vento assovia
Meu coração principia
A ser escravo do amor
Acorrentado
Num pé-de-vento vadio
Caindo em todo desvão
Entrando em todo desvio
Descompassado
Sem letra e sem melodia
Meu coração sossegado
De rumo traçado
Desapaixonado
Querendo vagar
Na noite
No dia
Descompassado
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10 Memórias de Marta Saré
A casa lá na fazenda
A lua clareando a porta
Deixando um brilho claro
Nas pedras dos degraus
Cristal de lua
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro...
O rosário obrigatório
O jantar, lá na cozinha
Todo dia à mesma hora
As histórias de Dorinha
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro
Pra dentro
A lanterna azul partida
A dor, a palmatória, a raiva
A cantiga mais sentida
Um galope de cavalo
Moço Severino
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro
Bate forte o coração
Dor no peito magoado
O sorriso mais sem jeito
Do primeiro namorado
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro
Pra dentro
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