Terça-feira 12 de outubro de 2010
Já vinha desde a sexta anterior com saudade do Brasil. Não sei se devo
atribuir aos livros e autores de fora; não sei se o deslocamento das pessoas ao
encontro de sua padroeira trouxe os ventos da Romaria até minha casa; faço ideia não a que atribuir, mas importa não...
Era tanta saudade do cheiro de mato molhado de chuva de Cuiabá, olhando
as gotas fazendo movimentar as folhas do maracujá; lembrança das chuvas de
verão, depois do futebol, nas tardes de sábado, na cidade de Santos, corpo
cheio de areia a se esgueirar pelos prédios do Gonzaga fugindo da ocorrência de
algum raio...
_ Meninos, se chover saiam da praia de imediato! – uma das mães sempre
bradava.
Mudávamos de casa ponto de reunião, mas a recomendação só mudava de
palavras mantendo inalterado o sentido original.
Sei lá como funciona hoje, mas ali, na Rua Pasteur era assim.
Desse embrulho de saudade e lembrança me pus a ouvir Sergio Reis:
Procissão (do Gil); Disparada (do Vandré); Romaria (Renato Teixeira);
Ouvia tudo isso e sacava um a um dos exemplares de Encontros com a
Civilização Brasileira, percebi que faltavam alguns números.
Descia olhar pelo
índice rememorando a Ditadura Militar que a tantos calara, ou restringira o
espaço. No número 15 encontro um texto de Roberto DaMatta detonando com Darcy
Ribeiro. Mas logo o Darcy, que junto com Lévi-Straus formam meu referencial em
antropologia. Um texto agressivo. De toda agressividade presente em todo
intelectual sincero. A resposta de Darcy publicada na mesma edição teve o mesmo
teor de cortes agressividade.
Darcy é uma metralhadora ambulante, e no número 12 do periódico tinha
dito coisas desagradáveis do Museu Nacional onde trabalhava DaMatta.
Evidentemente o ano de 1979 tinha todo um caldo cultural e ideológico
específico, apimentando antagonismos.
Após ler texto-fonte e texto-resposta me sentia algo decepcionado com o
velho Darcy Ribeiro.
Quarta feira 13 de outubro
de 2010
Encontro A Entrevista (http://www.4shared.com/document/Dn5Z2aSh/Darcy_Ribeiro_FGV_CPDOC_Depoim.html) na qual Darcy narra entre outras coisas suas relações com Brasília, e
principalmente o projeto norteador da Universidade de Brasília.
Quem creia como eu, que o conhecimento é ideológico, e mais, que este é
a grande via de construção de uma sociedade livre e soberana, ao finalizar a
leitura desta entrevista de 65 páginas, não pode deixar de admirar o Professor
Darcy Ribeiro. Aponho o título de professor também ao Professor Paulo Freire. E
basta!
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