Na minha infância um senhor de minha rua tinha s peles do rosto algo caídas, lhe davam a face de um buldogue. Me olho no espelho e vejo que o tempo vai fazendo entalhes de certas características em nossa face.
Acabo de ver, no CanalBis a face atual de meu ídolo Eric Clapton.
Os dedos e os rifs de guitarra seguem na maestria de sempre.
Mas a face, ai esta o tempo não perdoa. Me lembra em tudo e por tudo o senhor de minha rua de infância. Tanto a um como a outro meu carinho e respeito segue sendo o mesmo.
Até porque tenho espelho em casa e não há colágeno capaz de "desentalhar" as marcas do tempo das quais eu tanto me honro.
Cada ruga, cada marca é fruto de um embate por causas de munha mais profunda crença. Por nada lutei visando cargos ou posições, sempre me pautando em ideias, em sonhos e nunca em ilusões.
Velho? Creio que não. Quem luta a vida inteira, o bom combate e com sinceridade de propósitos jamais será um velho. Mesmo quando o corpo, alquebrado pelo tempo e pelas batalhas, me dificulte os desalocamentos; mesmo quando a memória já contenha histos marcantes.
Enquanto houver em mim uma gota de força para lutar pela Arte, pela Liberdade universal e pela Justiça eu me sentirei o mais rico dos homens. Pois seguirei planando nas asas dos sonhos mais caros, presentes em mim desde a mais tenra idade. Afinal...
Eu nasci Socialista.
Eu nasci poeta.
Eu nasci Literato.
Eu nasci de uma família: honrados antepassados.
Os venero como se fossem Mapuches; Quechuas ou Aymaras.
Povos capazes de transmitir por séculos as suas mais fortes tradições.
Assim são os Villamarin da Espanha; bem como assim são os Fernandes Ramalheiro de Portugal.
Nem sempre este rebelde espírito foi compreendido por familiares e conhecidos. Mas me uno a milhares de pensadores solitários e desprezados deste mundo.
Nasci em momento errado? Nasci em país errado? Nasci entre amigos e conhecidos errados?
Eu sei já ter nascido com projetos e jamais os abandonarei. A morte do corpo físico terá efeito nulo em tudo isso.
Minhas ideias valem mais que eu mesmo. Elas me usam para se projetar no mundo: através de poemas; de livros; de canções; de palestras; etc.
Sou muito mais duma massa de carne vagando na Terra destituída de valores.
Sirvo a uma causa maior que esse pequeno "EU" presente.
Meu corpo veio do pó e ao pó voltará. Mas nunca as minhas causas.
Estas reverberarão no tempo e no espaço; queiram os medíocres ou não. Sementes sempre brotam. Passam séculos adormecidas e um dia brotam, precisam apenas das dignas condições ambientais.
Enquanto vigir a torpeza minhas idéias terão pouco espaço; mas um dia eclodirão destroçando as farsas e os farsantes e garantindo o desabrochar do poder abstrato do conhecimento, chamado por mim de Espiritualidade.
Para mim basta.
Paulo Cesar Fernandes
04/11/2014
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