Tempos
Diferentes tempos esses nossos de PósModernidade. Um grão de areia poe o casal em antagonismo, debate, batalha e a separação afinal.
Um tempo sem paciência e de obrigatória resiliência, pois o novo sempre vem, sempre está aí, sempre invadindo nossas vidas. A favor ou contra a nossa vontade.
Os fatos e as relações são sempre efemérides; porém sempre efêmeras. Insuportavelmente rápidas em desvanecer no ar.
Nada tem consistência. É tudo qual areia fina, a nos escorrer pelos dedos por mais tentemos segurá-la nos dias de vento forte. Nos restam apenas alguns grãos na palma da mão.
Das relações matrimoniais restam as fotos amareladas pelo descaso e pelo tempo.
Mas será tudo assim?
Tenho dito já, algumas vezes que filósofos e artistas trazem em si a semente do mundo que todos sonhamos. Olham a vida como que projetados fora do corpo, capazes de ver a estrada muito adiante. Vislumbrando um futuro sequer pensado por nós outros.
Penso, aqui e agora em Reinhard Mey, poeta e músico alemão, e sua sensibilidade no que diz respeito à família principalmente e seu engajamento em lutas sociais. Alguém que aponta a esperança.
Frases musicais dedilhadas ao violão e palavras doces denotando o primor do poeta. "Sempre mais" feita para sua esposa é tocante. Por vezes penso que ele, no seu poetar aponta possibilidade de relações mais estáveis, mais seguras, mais ricas em afetividade, respeito mútuo. Onde o viver em companhia de já seja em si um poema, já seja um prêmio para ambos.
Um conviver onde cada parte seja para a outra, a grande paisagem nova, a se desdobrar cada manhã janela afora.
Paulo Cesar Fernandes
27 06 2011